•  sábado, 23 de novembro de 2024

As consequências – e os aprendizados – do isolamento social

Por Marta Maria Pasquali Mancini *

O mês de março de 2020 trouxe uma situação inédita para a grande maioria da população. O avanço da pandemia do coronavírus pelo mundo obrigou a adoção de medidas drásticas para evitar o contágio e o avanço da doença. Enquanto cientistas e pesquisadores buscam entender os sintomas, diagnósticos e a forma de combate ao vírus, a principal recomendação a todos é o isolamento social. Isso mesmo: ficar em casa e reduzir ao máximo qualquer contato físico com outras pessoas. É um cenário que desafia as famílias e exige atenção, principalmente com as crianças.

Isolamento social é algo extremamente necessário durante a crise em que vivemos e uma moeda que tem dois lados: ao mesmo tempo que pode trazer consequências negativas, também é uma oportunidade de grande aprendizado.

No caso do público infantil, privado de suas rotinas diárias como escola e brincadeiras em grupo com os amigos, é possível estimular o desenvolvimento das habilidades socioemocionais durante o período de reclusão. Assim, propicia às crianças situações em que elas possam desenvolver o autocontrole emocional e o autoconhecimento, proporcionando uma melhor compreensão de suas emoções e refletindo em sua qualidade de vida e bem-estar no convívio social como um todo.

Neste momento, as crianças podem demonstrar irritabilidade, apatia e desassossego. Dessa forma, é importante que a família busque atividades que despertem o sentimento de pertencimento da criança em seu próprio ambiente familiar. Para isso, inicialmente é necessário construir uma rotina que envolva os pequenos nas atividades diárias da casa, sempre planejadas em conjunto para que eles possam perceber que o combinado vai ser cumprido.

Alguns exemplos práticos são altamente satisfatórios para desenvolver essas habilidades. Pedir ajuda para lavar louças de plástico (sem risco de se machucar) e regar plantas são ações que proporcionam maior envolvimento com a casa. Adaptar um canto da residência para piqueniques, fazer uma sessão de cinema com pipoca, contar histórias ou até organizar shows, danças e fantasias durante o isolamento aproxima a família. Outras situações que podem ser adotadas é envolver a criança na cozinha, como enrolar brigadeiros, ou até estimular empatia e boa ação ao selecionar brinquedos que não usam mais para doação.

Contudo, é importante ressaltar que isso não se trata de uma check-list, ou seja, de realizar atividades previamente combinadas para que a criança não entenda que são obrigações, mas diversão em família. Além disso, cada dia é um dia e, principalmente neste período de isolamento social, temos de exercitar a empatia e a paciência, olhando para o outro sempre com atenção e de forma respeitosa. Assim, conseguimos preservar a nossa saúde mental e, em um futuro próximo, podemos levar boas recordações deste momento de crise que estamos vivendo.

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