Aumentam os casos de violência nas escolas públicas de São Paulo
Após um ano do massacre na Escola Raul Brasil, em Suzano, São Paulo, pesquisa do Instituto Locomotiva e da APEOESP aponta, entre outros dados, que 37% dos estudantes já sofreram algum tipo de violência
Cinco em cada dez professores da rede (54% já sofreram algum tipo de violência nas dependências das escolas em que lecionam – esse número era de 51% em 2017 e de 44% em 2014. Entre estudantes 37% declararam ter sofrido algum tipo de violência (em 2014 eram 28%, e 39% em 2017); Docentes e alunos foram perguntados se souberam de casos de violência nas escolas que frequentam: 90% dos professores responderam que sim (eram 85% em 2017 e 84% em 2014), enquanto 81% dos estudantes relataram saber de episódios de violência em suas escolas no último ano (eram 80% em 2017 e 77% em 2014); os tipos de violência que mais cresceram foram bullying (62% dos estudantes e 70% dos professores relataram casos em suas escolas) e discriminação (35% dos estudantes e 54% souberam de casos em suas escolas). Estes são alguns dos dados apontados pela pesquisa do Instituto Locomotiva/APEOESP sobre violência contra alunos e professores nas escolas públicas de São Paulo.
A presidenta da APEOESP e deputada estadual, professora Bebel, vê como extrema preocupação esses novos dados. “Os números demonstram que o Estado não tem uma política para prevenir e reduzir o índice de violência nas escolas paulistas. Sei que não há condições de zerar essas ocorrências, mas é necessário que a Secretaria da Educação tome medidas para que esse assunto seja debatido nas unidades escolares, para que a comunidade seja chamada a participar da vida escolar e que o diálogo se estabeleça, pois educação é processo civilizatório, é trabalho coletivo, é persuasão. A violência não será resolvida simplesmente com medidas repressivas”.
Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, o estudo demonstra que as escolas se tornaram permeáveis a atos violentos. “Nossa pesquisa revela que há muitos tipos de violência acontecendo nas escolas públicas. Por outro lado, mostra também que a comunidade escolar e a população estão cada vez mais conscientes, exigindo uma solução urgente para esse problema”, analisa. “A violência, em todas as suas manifestações, frustra a vocação do espaço escolar. É especialmente preocupante verificar a quantidade de professores e estudantes que relatam episódios de discriminação, indicando que talvez ainda não estejamos sabendo lidar adequadamente com esse tema dentro das escolas”, completa Meirelles.
A professora Bebel concorda. E acrescenta: “Isso passa, necessariamente, pela valorização dos profissionais da educação, sobretudo os professores, e por medidas efetivas para equipar melhor as unidades escolares, construir de forma coletiva uma proposta curricular que responda aos anseios dos estudantes e para tornar cada escola um local agradável no qual estudantes, professores e funcionários queiram estar”.
*A pesquisa ouviu 1 mil estudantes e 701 professores em todo o Estado de São Paulo entre setembro e outubro de 2019. Além disso, o estudo ainda entrevistou 1.516 pessoas em todo o país sobre os mesmos temas. O objetivo é monitorar a percepção sobre a qualidade da educação, a segurança nas escolas e outros temas relevantes para a educação pública.