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Carro e liderança é coisa de mulher, sim!

Acostumada a superar desafios e preconceito tanto na vida pessoal como profissional, Vanessa Barros coordena equipe de homens mecânicos e criou paixão pelos automóveis

São Paulo, 05 de março de 2020 – Não fazia parte dos planos da Vanessa Barros trabalhar com automóveis e muito menos gerir uma equipe só de homens, mas segundo as próprias palavras: “engata a primeira e só vai”. Atualmente, a paulistana de 33 anos integra a equipe da TempoTem, startup que presta serviços para casa e automóveis e há um ano se tornou supervisora da oficina móvel, operação do mecânico móvel que presta serviços de auto socorro ou prevenção. “Os mecânicos ficam alojados em várias partes da cidade de São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro. Eu faço a gestão deles a distância e separo algo alguns dias no mês para acompanhar o atendimento de cada um ou comprar peças com eles”, explica.

Assim que soube que conseguiu a vaga, Vanessa relembra que se sentiu um pouco intimidada e até assustada. “Eu pensei que ia ser extremamente difícil. Era a primeira vez que eu estava cuidando de uma frota, de uma equipe só de homens que são mais velhos, formados, com família e os mais novos têm a minha idade”, comenta. A supervisora conta ainda que hoje sabe que para muitos deles, ela é a primeira mulher como chefe.

O primeiro contato com a equipe também foi tímido para os dois lados. “Alguns ficavam indecisos se pegavam na minha mão ou se me davam beijo no rosto e abraçavam, eles ficam meio restritos. Perto deles sou um chaveiro”, relembra. Mesmo com apenas 1,60 de altura, Vanessa não se intimidou em mostrar que podia fazer tudo o que faziam também. Ela conta que desde o início se propôs a trocar pneu, carregar os litros de óleo, trocar bateria e aprender mais sobre os automóveis. O que no início era receio, logo se tornou em uma equipe unida e com muito respeito e confiança. “É totalmente ao contrário, eles me ajudam muito, são muito parceiros e me respeitam. Acho que cheguei em um ponto que pensei que ia demorar, mas na verdade eu nunca tive problema para mandar, nunca teve desrespeito”, explica.

Infelizmente, não foi sempre assim. Além de ocupar o papel de mulher, Vanessa também é homossexual e conta que em outros ambientes já ouviu muito que não era capaz, mas sempre evitou se abalar. Inclusive conta que quando sai sozinha com a van da operação oficina móvel, sente olhares estranhos em sua direção de outras pessoas na rua, mas que nunca ouviu nada a respeito.

Mulher VS Mecânico

A maior parte dos atendimentos realizados pela TempoTem são voltados às mulheres. Vanessa conta que a equipe busca sair da linha de mecânica tradicional, que costuma ser um ambiente conhecido por ser masculino e até por geralmente, cobrar mais caro de quem não entende do assunto. “Já fui várias vezes enganada no mecânico, mas sempre fui a pessoa que depois de ouvir a avaliação, pesquisava tudo que ele tinha falado e pensava comigo ‘será que tudo isso é necessário?”, conta. Por isso, ela se certifica que a equipe leve apenas o melhor do mecânico: um atendimento e serviço honesto.

Atualmente ela se considera apaixonada pelo mundo automobilístico e usa todo o conhecimento que adquiriu nesse ano a seu favor e até para ensinar as pessoas próximas. “Tem muita coisa que dá para aprender e não tem segredo nenhum, não exige força. O mecânico na oficina vai falar que precisa fazer um monte de coisa e na verdade não precisa fazer”, explica. Como dica para quem não entende do assunto, Vanessa conta que o ideal é levar o carro no mecânico como se fosse um médico. “Vai em um, faz o orçamento e depois faça o orçamento em outro lugar. Compare os dois e pesquise, mesmo que rapidamente, se todas aquelas peças têm relação com o problema do veículo. É uma dica fundamental porque o mecânico pode apontar duas ou três coisas a mais e cabe você a decidir. A internet tem tudo hoje”, finaliza.

 

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