•  sábado, 23 de novembro de 2024

Àqueles que não partiram

Se tem uma coisa que a vida faz muito bem, desde que prestemos atenção suficiente, é nos ensinar praticamente todos os tipos de lições e que, irremediavelmente, só vêm com o tempo. É mais ou menos como descobrir que, na maioria das vezes, nossos pais estavam certos e não porque os mais velhos estão sempre com a razão, mas porque a experiência e o tempo de vida ajudam a entender melhor situações e contextos.

Por exemplo, uma das coisas que me diziam (e não apenas meus pais) é que amigos veem e vão. Na época sempre parecia estranho acreditar que aquele amigo da escola, que você via todo dia, ou mesmo o vizinho, com quem brincava junto desde que consegue se lembrar, poderia em algum momento não estar mais tão próximo.

Mas o tempo vai mostrando que isso é inevitável, é normal e, na maioria das vezes, um processo natural de amadurecimento e crescimento, com cada um tendo seu próprio caminho a trilhar, buscando seu espaço e se afastando de antigos amigos para conhecer novos, por diversos motivos, seja pelo ramo de estudo ou trabalho (nem todo mundo quer ser jornalista, tem gente que prefere ser engenheiro, outros veterinários, alguns administradores e assim por diante); seja pela localização (opções de comunicação não substituem a presença e um bom abraço), ou até outros interesses em comum e diversos na área esportiva, de entretenimento; enfim, motivos para o tal famigerado rodízio de amizades não faltam.

Claro, no meio de tudo isso, de conhecer novos amigos e firmar laços próximos com novas pessoas, existem aquelas que, mesmo quando os caminhos se dividem e separam, ainda permanecem. Talvez não tão próximas, não sejam presença constante no dia a dia, mas são justamente as que você sabe que pode contar quando precisar. Seja para compartilhar um problema, uma dúvida ou mesmo uma alegria incondicional, como ser pai, por exemplo.

E essas amizades podem surgir em qualquer momento da vida. Pode ser lá na infância, justamente aquele colega da escola que todos avisaram que o tempo afastaria, mas se manteve próximo enquanto cresciam. Pode ser um amigo com quem jogava bola na rua, ou videogame, na época em que não havia internet e era preciso estar presente para a jogatina – o que não significa que uma amizade sincera e duradora não possa surgir entre amigos que se conheceram ou se conhecem apenas online, é bem verdade.

E a amizade, vale também dizer, não escolhe gênero. Um homem não precisa, necessariamente, ter apenas outros homens como amigos, e o mesmo vale para as mulheres. Outra pérola de sabedoria adquirida com o tempo, aliás, é que muitos, mesmo depois de envelhecer e passarem por incontáveis experiências, vão dizer que não existe amizade sincera entre homem e mulher. Pois caia fora desse tipo de preconceito, amizades sinceras não se limitam a masculino e feminino. É possível, inclusive, ter amigos para toda vida que sejam do mesmo gênero que o seu, mas não da mesma orientação sexual, porque a amizade passa pelo amor e a admiração acima da atração física, desejo, possessividade, entre outras coisas.

Há casos, inclusive, de pessoas que mesmo depois de terminarem um relacionamento amoroso, permanecem amigos para toda a vida. Pode parecer absurdo para muita gente, mas para outras, é apenas normal. Então, se existe, é possível.

Infelizmente, como disse lá no início do texto, incontáveis fatores podem levar para longe amigos que você julgava – e desejava – que estariam sempre por perto. Às vezes, a nostalgia vai torturar e a saudade pode te fazer perguntar se há algo errado com sua amizade. Talvez não haja, talvez seja só um processo natural da vida, uma evolução indesejada, mas inevitável.

Ou talvez não, talvez seja só a vida te mostrando a importância de celebrar aqueles que não partiram.

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