•  sábado, 23 de novembro de 2024

Grécia nega tratamento a crianças refugiadas em estado grave em Lesbos

Aos menos 140 crianças com doenças crônicas, complexas e com risco de morte necessitam de atendimento médico adequado no campo de refugiados de Moria, na ilha grega de Lesbos. Os tratamentos são negados pelo governo da Grécia à população confinada no local desde julho do ano passado. A organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) pede às autoridades gregas que atuem para ampliar o acesso aos serviços de saúde dessa população e evacuem todas as crianças gravemente doentes para o continente grego ou para outros estados membros da União Europeia (UE), onde possam receber cuidados médicos adequados.

 

Vemos muitas crianças que sofrem de condições médicas, como diabetes, asma e doenças cardíacas, que são forçadas a viver em tendas, em condições abismais e sem higiene, sem acesso aos cuidados médicos e medicamentos especializados de que precisam“, diz Hilde Vochten, coordenadora médica de MSF na Grécia.

 

MSF está discutindo com as autoridades gregas a fim de transferir crianças para o continente para atendimento médico urgente, mas, apesar de algumas crianças terem sido examinadas, nenhuma foi transferida ainda. A relutância geral do governo em encontrar uma solução rápida e sistêmica para essas crianças, incluindo alguns bebês, é escandalosa – prejudica sua saúde e pode levar a consequências ao longo da vida ou até a morte“, ressaltou a coordenadora.

 

O governo grego revogou em julho de 2019 o acesso à saúde pública para requerentes de asilo e pessoas sem documentos que chegaram à Grécia, deixando mais de 55 mil pessoas sem assistência médica.

 

Desde março do ano passado, médicos no centro de saúde pediátrica de MSF nos arredores do campo de Moria, em Lesbos, registraram mais de 270 casos de crianças que sofrem de doenças crônicas e complexas tais como doenças cardíacas, epilepsia e diabetes. As enfermidades necessitam de tratamento especializado, o que não pode ser oferecido no centro de saúde de MSF por falta de estrutura. O hospital público local em Lesbos também não é capaz de prestar assistência ao número adicional de pacientes e alguns serviços especializados também não estão disponíveis na ilha.

 

“Minha filha, Zahra, sofre de autismo e vivemos em um espaço minúsculo quase sem eletricidade. Muitas vezes, no meio da noite, ela tem convulsões e não há ninguém para nos ajudar. Eu só quero estar em um espaço onde filha pode brincar como outras crianças e ser tratada por um bom médico”, contou Shamseyeh, do Afeganistão, que vive no campo de Moria.

 

Pelos últimos quatro anos, MSF vem denunciando repetidamente o campo de Moria como uma tragédia humana impulsionada pelas políticas do governo grego. Para a organização. a situação deixa claro, mais uma vez, que as políticas de migração geradas pelo acordo UE-Turquia de 2016 estão criando sofrimento desnecessário e colocando muitas vidas em perigo.

 

Crianças, mulheres e homens estão pagando o preço injusto das políticas de migração baseadas na dissuasão. Negar às crianças que sofrem de doenças graves o acesso aos cuidados de saúde é apenas a mais recente ação cínica e é realmente inacreditável”, declarou Tommaso Santo, chefe de missão de MSF na Grécia.

 

Médicos Sem Fronteiras pede a evacuação imediata de Lesbos de todas as pessoas que sofrem de condições crônicas e complexas, com prioridade para as crianças por meio de um sistema de transferência regular, para acomodações apropriadas perto de prestadores de cuidados médicos especializados. Da mesma forma, defende o fornecimento urgente e imediato de acesso a cuidados de saúde gratuitos, oportunos e adequados para todos os requerentes de asilo, menores não acompanhados e pessoas sem documentos na Grécia. A organização defende o fim do sistema de contenção de refugiados e requerentes de asilo em condições horríveis e desumanas em Lesbos.

 

 

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