Professora abre baú e encanta crianças com a leitura em Cabreúva
É com brilho nos olhos que a professora Giselle Cristina do Nascimento Bertarello, da EMEB Maria Nilza Bicalho, abre um baú cor de rosa, recheado de infinitas possibilidades. É com ele que ela, na rede municipal de Cabreúva há 10 anos, desenvolve o projeto ‘Bau Encantado da Leitura’ que a levou à final do prêmio ‘EDUCAB Profª Terezinha Togni: Boas Práticas na Educação’.
Ela conta que a inscrição para o prêmio veio depois uma longa trajetória, que envolveu alunos, professores e funcionários da escola em 2018. Durante a leitura de histórias dentro da sala de aula, a professora notou um certo desinteresse das crianças. E, para despertar a turminha do então 1º ano para o prazer da ainda desconhecida leitura, Giselle teve a ideia de pegar um baú que tinha em casa, usado para guardar brinquedos da filha, e o levou para a escola.
“Eu queria que as crianças sentissem o que eu sentia quando lia uma história.” A partir daí, ela escolheu alguns objetos e confeccionou outros com a ajuda das colegas da escola para dar forma a um universo encantado.
Além do baú, colocou um tempero a mais: tirou as crianças da sala e as levou para o pátio. No ambiente externo, ela embarcou em uma aventura com os alunos e mostrou que até quem ainda havia aprendido a ler pode contar uma boa história.
E então, feito passe de mágica, as histórias ganharam não apenas a valiosa interpretação da professora, como um adendo a mais: um sapato rosa imenso, asas de borboleta, bichos de pelúcia, coroa de princesa e muito mais. “As crianças passaram a se divertir e prestaram atenção. Assim, acolheram a leitura”, comentou ela, que passou a contar as histórias para todas as turmas da tarde da escola.
Depois da contação, cada professora da unidade escolar trabalhava dentro de sala de aula com as turmas a reescrita, o reconto, ilustrações, rodas de conversa e até a leitura de outros livros, levados para a casa para atividades em família. “Me emociono ao falar, pois não sabia que seria uma proposta tão bem recebida.”
A repercussão foi tão grande, que Giselle foi abordada por alunos de outras turmas, que agradeciam pelas histórias. “Ouvi um eu te amo de uma criança, que me perguntou quando eu contaria uma história para ela. Esse é o melhor retorno que eu poderia ter.”
As histórias também chegaram aos pais, em um ‘Dia da Família’, quando todos ouviram sobre a ‘Vaca que botou um ovo’. Os adultos, inclusive, participaram da história e interagiram em vários momentos. “Nessa era digital em que vivemos, é difícil fazer com que as pessoas se interessem por histórias. Muitos pais vinham em atividades na escola com pressa de assinar o que era necessário e ir embora. No dia da contação, eles ficaram e fizemos a atividade juntos.”
Quem também deu as mãos à ideia da professora foi o time da EMEB Maria Nilza, que inverteu papeis e apresentou para os alunos um musical chamado ‘O Rato’ para encerrar o projeto. “Todos deixaram a vergonha de lado e encantaram os alunos.”
O resultado do empenho dessa professora que teve como fio condutor a paixão pela leitura é evidente na criançada, que passou a ler mais e levar as obras para a casa. “Eles entenderam que ler também é imaginar.”
E a garotada que participou, aprovou. “Passei a prestar mais atenção nas histórias e achei tudo mais legal”, comentou Gabriel Teixeira de Almeida, de 8 anos. Assim como ele,Mariana Lopes Marinho dos Santos, de 8 anos, também curtiu. “Achei legal e divertido.”
Giselle agora está de licença-maternidade e destaca que já sonha com a volta do projeto e muitos outros em 2020. “Já estou escrevendo as novas ideias”, avisa ela, que destacou ter ficado surpresa em estar entre as finalistas do EDUCAB. “Inscrevi o projeto para que ele fosse além dos muros da escola e outras pessoas pudessem saber que ele existia. Coisas boas precisam ser multiplicadas”, destaca ela, que torce para que a ideia seja replicada em outras unidades escolares.