Na Black Friday, você vai comprar por necessidade ou impulso?
Confira 5 dicas de Flora Victória, especialista em psicologia positiva, antes de ir às compras e fuja das tentações
São Paulo, 05 de novembro de 2019 – No próximo dia 29, milhares de consumidores vão às compras na Black Friday. A data virou símbolo do varejo nacional e leva milhões de ávidos consumidores à caça das promoções. Além do forte atrativo publicitário, ela acontece pertinho do pagamento do 13º salário e Natal, dois estímulos de peso para quem adora gastar. Mas será que você está gastando pelas razões certas? Nesta Black Friday, vai comprar por necessidade ou consumismo?
De acordo com pesquisa encomendada pelo Google à Provokers, a intenção de compras online dos consumidores durante a Black Friday aumentou 58% em comparação ao ano passado. Já a previsão do Busca Descontos, idealizador do evento no País, é que a edição deste ano deve movimentar R$ 3,15 bilhões no comércio eletrônico brasileiro – um crescimento de 21% na comparação com 2018. A projeção leva em conta apenas as vendas realizadas da meia-noite de quinta até a meia noite da sexta-feira.
Mas o que leva as pessoas a comprarem tanto em um único dia, como se não houvesse amanhã? Por que é tão difícil resistir ao impulso de comprar? Para ambas as perguntas é preciso refletir se o ato de consumir é fruto de uma necessidade de compra real ou de um subterfúgio às pressões do cotidiano?
A cultura de consumo faz com que as pessoas comprem produtos ou serviços que, muitas vezes, elas não precisam. Isto acontece porque vivemos em sociedade, interagimos com diferentes perfis de pessoas e somos expostos a inúmeros estímulos. Por isso, é muito comum ceder ao impulso de comprar apenas para se posicionar dentro de um grupo ou camada social. Há também aqueles que compram na tentativa de amenizar frustrações ou dores cotidianas.
Para Flora Victoria, mestre em Psicologia Positiva Aplicada pela Universidade da Pensilvânia e presidente da SBCoaching, o “ato de comprar proporciona uma breve sensação de felicidade e bem-estar. O problema é que, uma vez satisfeito, o desejo de consumo é rapidamente substituído por outro, fazendo com que a busca pelo prazer no consumo represente uma satisfação substitutiva”.
A especialista em psicologia positiva lembra uma reflexão de Freud, que já dizia: ao considerar as imposições da vida, a pessoa busca a saída do mal-estar pelas medidas paliativas na tentativa de amenizar o sofrimento. “Ou seja, o indivíduo enxerga essas medidas como saídas aparentemente mais fáceis para sanar um problema, ao invés de encarar e enfrentar a realidade”, esclarece Flora.
O problema pode estar na sua ideia de bem-estar
Sabe aquela sensação de ‘não estou triste, mas também não estou feliz’? O bem-estar é mais que a ausência de estados psicológicos negativos; ele é diretamente influenciado por perspectivas subjetivas, por metas sem alinhamento com seus propósitos, com o que lhe motiva e lhe traz satisfação. “Sem saber, a pessoa acaba se autossabotando. Sua busca pelo bem-estar pleno, inevitavelmente, fracassa, porque ela deixa de atender suas necessidades e desejos enquanto indivíduo”, salienta Flora Victoria.
O bem-estar subjetivo decorre da satisfação nos diversos domínios da existência. Ele está relacionado com a avaliação cognitiva e emocional que uma pessoa faz sobre sua vida. Indivíduos com forte bem-estar subjetivo costumam considerar agradável e recompensadora a vida que têm. Eles mantêm relações mutuamente satisfatórias, veem sentido em suas atividades e têm um senso de controle sobre o que vivem.
Como fugir das tentações?
O varejo sabe explorar os impulsos dos consumidores ligados à necessidade de gratificação instantânea. Mas, segundo Flora Victoria, é possível evitar a compra por impulso fazendo algumas reflexões:
1 – Eu realmente preciso disso? Antes de ir às compras, dê uma olhada em suas roupas, sapatos, bolsas, acessórios, pois é grande a chance de encontrar itens guardados que nunca foram usados. Se após essa análise chegou à conclusão de que precisa do produto, vá em frente. Se não, que tal guardar o dinheiro?
2 – Qual o meu estado emocional? Evite comprar quando estiver triste, deprimido ou bravo. As emoções impulsionam o consumismo e, neste caso, existem dois tipos de compra por impulso: aquela em que você compra algo que queria, mas que talvez não fosse comprar naquele momento, e aquela em que acaba levando algo que não queria e não precisava pelo simples ato de comprar.
3 – Mas se eu não comprar agora vou perder a oferta do ano! Promoções com grandes margens de desconto são altamente sedutoras. Neste caso, faça sempre duas perguntas: “eu preciso disso?” e “vou usar isso?”. Lembre-se que, por melhor que seja a promoção, a melhor decisão é não gastar com uma compra desnecessária e que vai gerar frustração e prejuízo depois.
4 – Minha amiga adora comprar assim como eu! Evite os amigos compradores, principalmente os consumistas, que certamente vão tornar fácil o processo de convencimento de que você deve comprar tal produto a todo custo. Se você precisa ir às compras, procure a companhia de pessoas mais centradas e que tenham controle sobre os seus impulsos de compra. Esse é o perfil de companhia ideal para te ajudar a decidir o que é importante ou não comprar naquele momento.
5 – Cabe no meu orçamento? A falta de equilíbrio financeiro associada a impulsividade consumista, geralmente, leva ao gasto por impulso, agravando o endividamento pessoal ou familiar. Se o orçamento permite, avalie o que realmente precisa e compre com cautela. Caso contrário, respire fundo e não ceda à tentação.