•  sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Cerca de 70% dos atletas de carreira curta não se preparam financeiramente para fim da carreira, alerta especialista

Claudio Rodrigues, da Fit Finance, conta como tem ajudado jogadores de futebol e demais esportistas de alto rendimento a também construírem um legado financeiro e não somente no esporte

 

A vida esportiva não é só feita de vitórias. Durante essa jornada, é preciso ter muito jogo de cintura para driblar os momentos de derrotas. Na partida da vida, as regras não são diferentes. Por estarem sujeitos a diversas circunstâncias, os atletas precisam de estabilidade emocional e financeira para terem tranquilidade na vida pós carreira.

Enquanto ainda estão na ativa, muitos atletas conseguem equilibrar a vida financeira, construir patrimônio, controlar gastos e até realizar investimentos. No entanto, não são poucos os que enfrentam dificuldades para administrar os ganhos e manter uma vida tranquila depois.

Na história do futebol brasileiro, não faltam exemplos de ídolos que tiveram grandes  prejuízos nesse aspecto. De Mané Garrincha,  Perivalto, Adriano (o Imperador), Zé Elias, até o capitão do penta Cafú. Craques que marcaram gerações e que conquistaram muito com o esporte, mas que também perderam tudo ou boa parte de seus bens.

Segundo o consultor financeiro e especialista em planejamento financeiro de atletas da Fit Finance, Claudio Rodrigues, cerca de 70% dos atletas de carreira curta não se preparam financeiramente para o final de suas carreiras. Isso ele tem visto na prática. Mas, de acordo com o especialista, o dinheiro não é o problema, mas sim a falta de educação financeira. “Por serem condicionados a rotina dos clubes, treinos e viagens, muitos atletas não têm tempo para gerir os ganhos, nem sequer administrar suas próprias contas – que não são poucas.  Por conta disso, não “sentem” o dinheiro saindo da conta ou fazendo diferença no orçamento. Isso resulta na falta de clareza sobre ganhos, gastos e responsabilidades financeiras”, explica.

Uma nova jogada

Observando esse cenário, o consultor resolveu explorar esse nicho e desenvolveu um modelo de planejamento específico para atletas de carreira curta. São eles esportistas de alto rendimento que encerram a carreira mais cedo em relação às outras profissões. No futebol, por exemplo, os jogadores tendem a se aposentar na casa dos 30 anos.

Pensando nisso, o especialista elaborou um plano diferenciado, de forma que atletas passem por essa transição na carreira sem perdas financeiras. Além de estudar diversos cases, realizar cursos de gestão em clubes e conversar com diversos atletas, Claudio se dedicou em analisar esse segmento no detalhe – ao todo foram 3 cursos além de mais de 500 horas de estudos independentes -, o que lhe permitiu compreender as principais dinâmicas desse segmento, suas dificuldades e necessidades.

“Convivendo com alguns atletas, pude detectar problemas comuns que não são percebidos por eles no dia a dia, mas que futuramente podem resultar em grandes prejuízos. Uma delas é que muitos iniciam suas vidas profissionais já como atletas, por isso não fazem um plano financeiro e profissional para o pós carreira. Para muitos deles, a saída seria empreender em algo, mas não planejam seus investimentos e habilidades para que isso aconteça. E claro, ingressar no mercado de trabalho tradicional pode ser uma dificuldade após a vida de atleta, já que não tiveram outra experiência além do esporte. Esse é apenas um dos muitos problemas financeiros que atletas podem enfrentar depois da carreira”, acrescenta.

No Brasil, quase metade dos jogadores recebem até um salário mínimo por mês, mais precisamente 45%; outros 42% obtém vencimentos entre um e dois salários mínimos, ao passo que apenas 9% recebem entre dois e vinte salários, de acordo com um estudo apresentado no curso FVG/FIFA.

De acordo com o especialista da Fit Finance, independentemente do clube ou salário do jogador, ele precisa ter noções sobre gastos, custo de vida e de dívidas a longo prazo. É nesse momento, então, que o papel do consultor faz a diferença, segundo Cláudio. O plano desenvolvido pela consultoria envolve etapas como análise da situação financeira do atleta, definição de metas e objetivos, execução do planejamento, acompanhamento e revisão para garantir uma melhoria contínua.

Planejamento

O profissional é consultor financeiro do goleiro Deola desde 2017, ex-Palmeiras que hoje atua pelo carioca América. Com 36 anos de idade e 20 de carreira, o atleta garante que sempre foi conservador no aspecto financeiro, mesmo quando era titular do verdão. O craque conta que investiu capital em imóveis e em renda fixa, no entanto, que esse conceito mudou após passar por alguns momentos de crise e, principalmente, após conhecer a consultoria financeira.

“Sempre investi em renda fixa, mas, depois que conheci a consultoria financeira, mudei radicalmente meu pensamento. Hoje sou um investidor totalmente agressivo e boa parte do meu capital está em renda variável. O Cláudio me apresentou alguns cases de investimento que fizeram todo sentido e, seguindo por essa linha, meu capital praticamente dobrou em um ano e alguns meses”, diz o goleiro, que conta ainda que pretende estender a carreira por mais alguns anos.

O ex-jogador Gustavo Nagy também é cliente da consultoria. Nagy passou por grandes clubes nacionais, 8 anos na base dos Santos FC e chegou a jogar pelo FC Oberneuland, da Alemanha. Aposentado há alguns anos, o ex-atleta conta que decidiu mergulhar no empreendedorismo e no planejamento financeiro. “Hoje tenho me organizado melhor. Monitoro o que entra e sai. O suporte de um consultor é muito favorável. Sempre que tenho alguma dúvida em relação ao que fazer, peço orientações a ele e isso tem sido muito positivo”.

Ler Anterior

Preservar a empresa e punir os corruptos

Ler Próxima

Escolas apostam em curso de inglês para incrementar a grade curricular