•  sábado, 23 de novembro de 2024

Magia nas asas: artista plástico revela cores “escondidas” no beija-flor-preto

O Terra da Gente já contou a história do artista plástico e fotógrafo Christian Spencer, o australiano que vive no Parque Nacional do Itatiaia, entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Lá, ele não só descobriu a forma mais pura de natureza, mas também aprendeu a retratá-la de maneira artística e sensível. As pinturas de paisagens em telas são uma pequena mostra desse trabalho que, com os anos, ganhou mais brilho e cores.

Era 2011 e Christian filmava o filme “A Dança do Tempo”, sobre a natureza da Mata Atlântica, quando um beija-flor-preto se colocou contra a luz diante de suas lentes e mostrou como um arco-íris saía de suas asas. “Foi algo meio mágico, que não é possível de ser visto a olho nu e que provou como essa história tem vida própria”, comenta.

O beija-flor-preto ou preto-e-branco, como também é conhecido, apresenta a coloração negra por todo o corpo, exibindo um virtuoso leque branco apenas na região da cauda durante o voo . O colorido nas asas é um fenômeno explicado pela incidência de luz solar por essa penugem, que faz com que ela se divida nas sete cores que compõem o arco-íris.

O filme “A Dança do Tempo” foi premiado e a imagem, em câmera lenta, tornou-se a abertura dessa produção. Então, em 2014, o observador tentou repetir o feito com a câmera fotográfica. Sem usar efeito digital nenhum, o “prisma alado”, como foi chamado por ele, revelou-se outra vez. As imagens foram premiadas em concursos, mas ainda assim não haviam recebido todo o colorido de suas próprias trajetórias. “O engraçado é que a foto realmente demorou cinco anos para crescer”, explica o fotógrafo.

Foi no final de 2018, elas atingiram o mundo todo quando os registros começaram a se espalhar através de compartilhamentos isolados das imagens em redes sociais de diversos internautas. As consequências foram as mais diversas: Christian recebeu depoimentos de pessoas que se inspiraram nas fotos para escrever poemas e que ao verem as obras se lembraram de familiares que já faleceram. Houve também os que pediram permissão para reproduzir as imagens em muros, vitrais e pinturas e até os que solicitaram autorização para tatuar essas fotos.

Assim como esse beija-flor não entrega a qualquer observador o colorido das asas, Christian também prefere não revelar técnicas e estratégias que envolvem a captura da difração da luz na ave. Apenas comenta que, depois de 2014, tentou repetir as fotografias, mas nunca encontrou as condições ideais do tempo, da posição do sol e dos beija-flores novamente.

Para ele, foi uma honra poder conceber essas imagens. O artista se considera um “guardião” desse acervo. “Eu tenho muito cuidado para não banalizá-las. Acho que é bom deixar o mistério”, explica.

G1

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